Durante um passeio descontraído, donos de cães geralmente não imaginam que o animal possa sair correndo pela rua. Muitas vezes, essa 'loucura" acontece porque o bichinho viu uma fêmea ou um gato. Como os cães que vivem dentro de casa nem sempre estão acostumados ao trânsito, eles são atropelados com mais freqüência do que se imagina.
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galeria de fotos de coleiras
No desespero de tentar salvar o animal de
estimação, o dono muitas vezes não sabe como agir e acaba
atropelado também ou até mordido pelo cãozinho. Foi o que
aconteceu na terça-feira (31) com o marido da atriz Susana
Vieira, o policial Marcelo Silva.
Ele teve de fazer uma cirurgia na mão, após ser
mordido pelo cachorro da família, Heitor. Silva levou o pastor
alemão para passear na praia, mas o cão escapou e foi
atropelado. Ele foi mordido na mão e no pé ao tentar socorrer o
animal.
O veterinário e presidente da Sociedade Paulista
de Medicina Veterinária, Zohair Saliem Sayegh, explicou ao
G1 que morder é a maneira natural de cães
se defenderem quando sofrem um acidente e estão sentindo dor.
Quem tenta ajudar, mesmo que seja o dono, pode ser mordido.
“O cachorro morde quando é tocado porque sente dor
e os dentes são a arma que ele tem para se defender”, diz
Sayegh. “O ideal é não tocar no animal e chamar um profissional
para socorrê-lo. Para não piorar a lesão, é indicado
movimentá-lo o mínimo possível até chegar ao veterinário mais
próximo”, afirma.
Quando não há alternativa e o próprio dono tem de
levar o cão para receber atendimento, o veterinário e árbitro da
Confederação Brasileira de Cinofilia, Mauro Anselmo Alves, diz
que a primeira providência é tirar o cachorro atropelado do meio
da rua.
“Em primeiro lugar, o dono precisa ter cuidado
consigo mesmo. Muitos, para tentar ajudar o cachorro, se
esquecem da própria segurança e acabam atropelados também”, diz
Alves. Para movimentar o cão, ele sugere que o animal seja
laçado com uma corda e arrastado até um lugar mais seguro.
“Depois de tirá-lo da rua, é necessário isolar a
boca do cão. O mais recomendado é colocar uma contenção
adequada, como uma focinheira, ou mesmo amordaçar o cachorro,
para que ele possa ser encaminhado para um veterinário”, diz
Alves. “Cães estão sempre sujeitos a sofrer acidentes desse tipo
e mordem mesmo. O uso de coleiras, mesmo nos cães mais
sossegados, é essencial.”
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Veterinários explicam como deve ser feito o socorro de um cão atropelado:
- Não mexa no cão nem toque nos ferimentos após o acidente
- Se não for possível esperar a chegada de um veterinário, espere até que o animal se acalme
- Lace o animal e o arraste até um local seguro
- Coloque uma contenção adequada para prevenir mordidas, como focinheira
- Tente movimentá-lo o mínimo possível até chegar ao veterinário
Fonte: veterinários Zohair Saliem Sayegh e Mauro Anselmo Alves
Em caso de atropelamento, o serviço de limpeza pública da maioria das cidades do país recolhe o animal para ser feita eutanásia. Em caso de morte, o serviço transporta o corpo até o aterro sanitário.
Para que o animal não escape é importante que ele use uma coleira
adequada. Na avaliação de Sayegh, os produtos oferecidos no
mercado atualmente são muito bons e dificilmente se rompem ou
apresentam problemas. “Hoje, quando o cão escapa, é porque o
dono não soube ajustar a coleira corretamente no animal”, diz.
O veterinário recomenda os “enforcadores”, que são
ajustados no pescoço do cachorro e permitem que o dono tenha
mais domínio. “Existem produtos feitos com nylon, que são os
mais indicados e oferecem grande resistência. Chegam a durar 10
anos sem apresentar problema nenhum, as pessoas trocam para
variar as cores”, diz.
Já Alves indica o modelo gentle leader. “É
parecido com um cabresto de cavalo e mantém o animal sob
controle”, diz. Ele afirma que a coleira menos indicada é a
peitoral. “Muita gente deixa o peitoral frouxo e perde todo o
controle sobre o cão, principalmente se for de grande porte.
Alguns cães conseguem encolher a pata, passar pela coleira e
fugir”, afirma.
A treinadora e especialista em comportamento
canino, Claudia Pizzolatto, afirma que o dono não deve correr
atrás do animal em caso de fuga. “Se o cachorro escapar, o certo
é não correr para alcançá-lo, mas chamá-lo de volta no lugar”,
diz. “Uma dica é correr na direção contrária. O cão vê que o
proprietário quer brincar e corre para junto dele também”, diz.