5 Lições de Vida d’O Poderoso Chefão

Curiosidades

Artigo publicado no blog O Fim da Várzea.

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Assisti a uma reprise d’O Poderoso Chefão no final de semana e, talvez por ser a 23ª vez que fazia isso, comecei a prestar atenção a detalhes que antes haviam passado despercebidos.

Quase peguei papel e caneta para ir anotando, mas não foi necessário. Como conheço o roteiro e os diálogos praticamente de cor, não foi difícil elaborar essa lista.

Esse filme apresenta algumas peculiaridades que não encontrei em nenhum outro sobre a máfia, e não estou falando das frases e personagens clássicos que já entraram para a história do cinema.

É praticamente uma bíblia, com lições para toda a vida.

1. Pessoas de Confiança Não São Confiáveis

Se você pertence a uma família que já matou mais gente do que a peste negra e a Santa Inquisição juntas, é natural adquirir alguns inimigos.

Como você anda cercado por 17 capangas mal-encarados e armados até os dentes, um atentado direto torna-se meio complicado.

É aí que o mafioso precisa estar preparado.

– Michael, se alguém da sua absoluta confiança vier com um recado de Barzini (ou Tattaglia, ou qualquer outro sobrenome italiano), dizendo que ele quer marcar um encontro de negócios em algum lugar conhecido, onde você se sentirá seguro, é porque lá você será morto.

2. Relacionamento Complicado é Coisa de Viado

Michael Corleone está caminhando pelo campo na Sicília, em direção à cidade. Quando chega, uma bela morena lhe sorri. Meia hora depois ele já a pediu em casamento (para o pai dela), sem ao menos ter dado oi.

No domingo, ele vai almoçar na casa do futuro sogro, leva um colar de presente e descobre que a garota gostou dele porque ela coloca o colar, passa a mão no mesmo e sorri.

Ao final do almoço, eles caminham seguidos por um séquito de italianas gordas.

Em 20 minutos estão casados e viveriam felizes para sempre, caso ela não explodisse dentro de um carro.

E você discutindo a relação…

3. Não Se Deve Levar as Mulheres Muito à Sério

Nesse filme não há personagens femininos, eles são tão sem importância para a história que ela poderia ser contada sem eles.

Duvida? Qual o nome da mulher de Don Corleone?

Não lembra? Eu respondo: não sei.

Ela é mencionada não mais do que duas vezes, uma por Sonny, que comenta que a mãe fez o jantar de domingo, e outra por Don Corleone, quando pede ao dono da funerária que deixe Sonny (que a essa altura já foi morto com doses generosas de rajadas de metralhadora) com uma boa aparência para quando a mãe for vê-lo no caixão.

Para dizer a verdade, não sei nem qual atriz faz o papel, já que ela aparece sempre cercada por outras mulheres também sem importância alguma para a trama.

Tudo bem, tem a filha que apanha do marido e por isso ganha umas 5 linhas de diálogo, mas isso é porque ela serve de mote para outra trama muito maior e simplesmente some depois de cumprir seu papel.

4. Universidades Preparam Bons Assassinos

Michael Corleone não deveria se envolver nos negócios da família. Ele não queria isso, nem seu pai. Ele serviu na Segunda Guerra, voltou como um herói e cursa a universidade.

Porém, frente às circunstâncias, ele precisa matar um capitão corrupto da polícia e um adversário mafioso.

Sem problemas, o cara pega um 38 e enfia uma bala na cabeça de cada, entre um gole e outro de vinho.

5. Cunhados São Descartáveis

Aquele cunhado que batia na mulher revela-se um traidor da família a certa altura da história.

Se esse fosse um filme da Disney, haveria toda uma discussão do que fazer para livrar-se dele, não no sentido literal, é claro. Um emprego medíocre, em algum lugar afastado, esse tipo de coisa.

Aqui não, faz-se o sujeito acreditar que vai dar um passeio e problema resolvido. Basta uma corda de piano na garganta que não há nada mais com que se preocupar.

– Você matou o Carlo? – Pergunta a mulher de Michael, a que não explode.

– Não. – Responde ele, com a maior cara de paisagem da história.